sexta-feira, 8 de maio de 2009

A-CORDA - AINDA UM PROCESSO



Um dia, talvez, fique totalmente contente, mas por enquanto sempre tenho um desejo insatisfeito, alguma coisa me falta e desejaria descobrir sua substancia.
Enquanto isso, antes de expor mais nada, gostaria agradecer o caloroso comentário da Karla Izidro, é tão gostosso (para falar em bom tom brasileiro) saber que alguém perdeu seu tempo, vem te ver e ainda, depois, te devolve seu olhar, obrigado querida.
Então gostaria de colocar que ainda resta muitas pisadas para estes estrangeiros. Olhando para trás vemos que como grupo crescemos muito, e dá orgulho pensar que além das adversidades conseguimos levar adiante um trabalho contínuo, e que ainda persevera a vontade de seguir tocando o barco, o trem, o carro ou simplesmente a carroça. ... Porém há muito trabalho pela frente e antes de tudo lembro, a mim mesmo, que  A-CORDA ainda é UMA MOSTRA DE UM PROCESSO , que já tem cara de espetáculo sim, já mostra um resultado e define um caminho, más como nos alerta a Karla há lacunas ainda a ser preenchidas, seja na narrativa ou na execução do trabalho.  Vou colar o poeta amigo que nos deixou escrito há tempos, “Caminante no hay caminos, se hace camino al andar”. Estamos cientes o pelo menos deveríamos estar que ainda temos muito por andar para dá-lo como finalizado. 
E devo confessar queridos colegas, que então, provavelmente  não fique totalmente contente, haverá ainda algum desejo insatisfeito, alguma coisa que teria gostado de experimentar, mais que ficou para outra.

 Talvez, um dia...   Enquanto isso ... Trabalho... e trabalho ....

Karla disse...



A Corda é um espetáculo que não é para se gostar ou não gostar, vai além do gosto.A montagem, o cenário e seus símbolos nos dizem muito, achei tudo muito bonito e impactante, mesmo sentados como platéia balançamos nas cordas... Em termos sonoros houve um grande crescimento de todos, a voz de alguns me surpreendeu porque ousaram mais e descobriram novas ressonâncias como a Fabiana, a Carol e o Hélio. Adoro a trilha feita dentro do espetáculo e foi muito bem executada. O que senti falta, como tudo é muito simbólico, foi de uma dramartugia mais amarrada com o que se via. Os textos as vezes não ficavam muito claros, eram como fragmentos dispersos, acho que se pode aprofundar mais nessas águas...

Parabéns Abração que continua fazendo arte e atravessando abismos, mesmo q muitas vezes em cima de uma corda bamba...

Beijos pra todos!!!

24 DE MARÇO DE 2009 16:58




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O SOBREVIVENTE

por Carolina Mascarenhas


Um pouco de poesia, para o nosso vazio ficar mais cheio de belo.


O SOBREVIVENTE

Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.

Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.

Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta
muito para atingirmos um nível razoável de
cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto.

Os homens não melhoram
e matam-se como percevejos.
Os percevejos heróicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.

(Desconfio que escrevi um poema.)

Carlos Drummond de Andrade