sexta-feira, 20 de março de 2009

10 anos depois Pisar o Palco novamente

São muitas as minhas dividas nesta vida. Comigo mesmo, pelo descaso à memória, pela pouca atencão a meus amigos, pela falta de tato e muitas outras... 

Cada passo dado foi uma pátria ganha e de pasinho a pasinho foram várias que é impossível saber qual delas me identifica mais ou menos. Hojé não sei ao certo se são partidas sem adeuses ou eternos desencontros de pátrias que sou e não me pertecem. Levo delas os afetos e defeitos e o hastéio como país de meus hermanos, únicos e indeléveis. Assím é a minha corda, BAMBA, más é nela que me sinto vivo, é nela que descubro meus rosais é nelas que planto meus amores é nelas que deixo minhas pisadas frágeis na humedade do orvalho.

Neste extranho mundo, quase bruno de saudades, me sorprende as tantas fronteiras que aprendera a desaprender, colhendo minhas raíces e minhas folhas alimetadas por esta humanidade sempre movediça e sempre sorprendente.

Não estou cabendo em mim de tanta alegria, ontem voltei a cêna apos uma longa invernada.

QUERIDOS COLEGAS, IRMÃOS DE FÉ E ESPERANÇAS, OBRIGADO PELO ACOLHIMENTO E PELA GENEROSSA DOAÇÃO DIARIA, EM VOCÊS TENHO AMARRADO A MINHA CORDA, E VOCÊS SÃO O PEDAÇO DE PÁTRIA ONDE SONHAMOS.

Um comentário:

Unknown disse...

é hermano, cada um tem um país na cabeça, ou nos pés! O país é mais que um mapa, um país é vontade, é desejo. Nós desejamos e lutamos pelo nosso a cada dia. Só tenho a agradecer também pela parceria, pelos pés, pelos sapatos, pelas vidas entrelaçadas, compartilhadas e brilhantemente desenhadas e pintadas na tela-palco. Obrigado.

O SOBREVIVENTE

por Carolina Mascarenhas


Um pouco de poesia, para o nosso vazio ficar mais cheio de belo.


O SOBREVIVENTE

Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.

Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.

Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta
muito para atingirmos um nível razoável de
cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto.

Os homens não melhoram
e matam-se como percevejos.
Os percevejos heróicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.

(Desconfio que escrevi um poema.)

Carlos Drummond de Andrade