Nesta história há uma viagem. Viagem minha. Viagem sem nome, sem destino. Viagem a qual não vejo. Ainda que não, me volto às primeiras lembranças, aos primeiros encontros. É minha vida, pés e mãos são meus olhos. O olhar estrangeiro dos companheiros de viagem sobre tudo, sobre todos, me levam do chão ao desequilíbrio do caminho.
Eu de olhos fechados, sombras do tempo cobriram o caminho, sinto um país que meu olhar na sombra procura e chama, que meus pés sem chão, passo a passo, percorrem. Neste sem chão, vivo com o alma amarrada às doces recordações que não voltam, canto de medo do instante que vem enfrentar minha vida, anseio pelas noites cheias de premonições que encadeiam meus sonhos. Neste desequilíbrio, nós viajantes que fugimos, cedo ou tarde deteremos nosso andar, amarrados, dependurados. E ainda que o possível esquecimento tudo destrua, adormeça o velho sonho da terra possível, guardamos escondida uma esperança humilde que é toda a sorte de nosso coração.Pelo eu, subo novamente pelos nós desta viagem e tento chegar ao topo, no fim não vejo nada. Não temo a queda, temo o impacto, desço e subo. Aqui, nesta corda bamba, a cada fim volto ao início. E luzes que piscam em minha noite eterna sem estrelas, sem signos, indicam outros caminhos. É preciso partir.
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