
“Eu é um outro” como afirma Rimbaud em carta a Izambart, poderia ser a epígrafe ética de Foucault em “O uso dos prazeres” (1990): “Separar-se de si mesmo”. Ambas as proposições são manifestos contra aquilo que nas ciências humanas aponta para a procura das identidades e sua legitimação. Contra ela, contra toda identidade, ergue-se a vontade potência, mudar os modos, inventar a si mesmo. Tornar-se sujeito e criador dos seus próprios modos de subjetivação. Devir-outro, animal, mulher, menos homem, “A vergonha de ser homem”, como dirá Deleuze, em Crítica e Clínica. Produzir uma diferença dos modos de individualidades que aí estão, vendidos como o mesmo para todos. Resistir. Não há nisso, nesse modo de se auto-criar uma ética e uma estética? Uma escolha e um gosto. E não estaria também envolvido nisso uma política? Tornar-se outro, habitar a alteridade.
Aconteceu no dia 08 de agosto na sede da cia do Abração a Palestra Ética, estética e alteridade com Francisco Gaspar Neto*, aberta ao público interessado, a palestra propôs um passeio por conceitos que articulam na vida contemporânea uma ética e uma estética na criação de si mesmo e no encontro com outro.
Reflexões de extrema importância ao trabalho de pesquisa da linguagem teatral A_Corda onde o público interessado pôde usufruir e compartilhar da construção do pensamento de uma obra.
*Ministrante: Francisco de Assis Gaspar Neto - Graduado em Artes Cênicas, pela Universidade do Rio de Janeiro, Mestre e Especialista em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense. Tradutor do “Jogos para atores e não-atores”, de Augusto Boal e do “Ensaio sobre o gênero dramático sério”, de Beaumarchais. Professor de técnicas de Happening, que conjugam técnicas de improvisação com orientações de autores como Bertolt Brecht, Peter Brook, Augusto Boal e Carmelo Bene. Professor da Faculdade de Artes do Paraná.
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