O primeiro impacto ao assistir o espetáculo Soria do grupo paraguaio Hara Teatro, dirigido por Wal Manyas é grande, a sensação é de estar diante de um “ESPETÁCULO”, impressiona pela força ritualística do tema tratado de forma verdadeira, de quem realmente sabe do que esta falando; me refiro principalmente aos atores/dançarinos mais antigos do grupo como a Raquel e o Hilário e é claro ao Wal. Outro fator que impressiona é a precisão na execução dos atores e músicos, a troca de energia é viva e dinâmica, a música alimenta a dança que alimenta a música.
Num ponto não posso deixar de registrar certo desapontamento em relação à expectativa do que eu iria assistir. Quando ouço a explicação do Wal em relação ao seu teatro primigênio e a busca da expressão individual de cada artista através do encontro consigo mesmo, da superação de seus medos e anseios, da negação da família, da pátria e da religião, eu esperava que o espetáculo não se utilizasse de técnicas conhecidas e formatadas como a dança – clássica e moderna e a acrobacia. Eu esperava, em termos de movimentação corporal, assistir a coreografias absolutamente inusitadas, uma movimentação mais orgânica e pessoal, uma para cada ator. Acredito que desta forma, o envolvimento de cada ator com a obra seria maior, abrindo uma via comunicativa com a platéia ainda mais verdadeira, independente do entendimento racional que a palavra pode propor.
O encontro com o grupo Hara foi muito intenso, amoroso e divertido. Valeu muito à pena assistir a todas as apresentações realizadas em Curitiba, e dia após dia, me sentir cada vez mais fazendo parte do ritual mágico proposto no espetáculo. Espero encontrar todo o grupo em breve.
Fabiana Ferreira
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