quarta-feira, 11 de junho de 2008

Refletindo a semana

Como diria o entranhável Val Sales, muita coisa aconteceu e muitas estão acontecendo. Vou começar falando de um espetáculo que vimos nesta semana, apresentado pelo grupo “Obragem” que se chama Passos, onde se percebe um longo processo de trabalho apresentados por dois atores, Olga Nenevê e Eduardo Giacomini. Tenho acompanhado as últimas obras postas em cena e o que me chamou a atenção, nesta ocasião, é que este espetáculo ganhou afetividade no palco. Como espectador era tocado e era convidado a entrar junto. Fora o espetáculo para crianças Tuíke as demais obras tinham uma caraterística desafiadora para com o público, sentia-se como uma certa aversão em intercambiar com o espectador, um recurso comum hoje nos espetáculos ditos contemporâneos, no cenário teatral Curitibano. Mas, felizmente vejo que esta se procurando, pouco a pouco essa cumplicidade com o público, posso estar rotundamente errado, más acho que é uma curiosa tendencia, e sinceramente espero que comecemos a querer comunicar-nos novamente. Este assunto dá pano para manga, mas o que pretendia infidenciar é a dimensão comunicativa que a obragem ganhou neste trabalho, para discutirmos mas adiante, quiza nos de uma janela para analisar a nossa sociedade refletidas neste espetáculos.

Antes de continuar com “as outras muitas coisas acontecendo”, confesso que tenho um afeto inenarrável pela fofoca e para não ficar tão descarado, estou tentando dar uma cara de analisador de fatos, e assim fazer chegar o que esta se fazendo na nossa caverna de abraçados, saberão me perdoar esta falha. A-corda está caminhando a passos seguros, mantemos todas as oficinas, e concomitante estamos produzindo “Paizinhos” espetáculo para crianças que também da para acompanhar no blog: (http://www.paizinhos.blogspot.com/).

Uma outra atividade que vamos a realizar dentro dos intercâmbios que estabelecemos por fora do projeto, mas para o projeto é o encontro com o grupo Hara Teatro, dirigido por Wal Mayans que chegam amanha e vão apresentar o espetáculo “Soria” no TUNI- Teatro da Universidade Federal do Paraná. Vamos a participar das oficinas que serão realizadas nesses dias, enfim um primeiro contato logo vemos que será possível enraizar nestes solos.

Também conto que entrevistamos a Neusa com o Val ele já criou um primeiro texto e já está desenhando a sua primeira cena.

Bom tinha muito ainda para fofocar e analisar, mas acho que por hoje fico por aqui. Espero a colaboração de algum outro colega fazendo a parte da analise já que ainda no fui lá.

6 comentários:

Andressa Christovão disse...
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Andressa Christovão disse...

O grupo do Wal chegou hoje, corremos pra cá, agilizamos de lá e cá estão eles...
A tarde, veio uma rede de tv filmar o intercambio cultural que estamos realizando, e já deu pra perceber a qualidade, a pesquisa do trabalho. São corpos extremamente treinados, flexiveis, fortes. A expressão e a energia tbm são fortes... quanto temos para trocar, compartilhar e aprender! Pena que é apenas um final de semana!

MARTHA THORMAN VON MADERS disse...

Adorei seu blog, exelente textos. marthacorreaonline.blogspot.com

Fabiana Ferreira disse...

Sobre o espetáculo Passos foi emocionante ver este trabalho, fruto de uma pesquisa continuada desde 2001, seu amadurecimento enquanto grupo. Acompanho o trabalho da Cia. Obragem desde o início e em passos pude reconhecer vários elementos que se fazem presentes desde o primeiro espetáculo Entre, onde, como em passos, apenas estão em cena, Olga e Eduardo. Antes o que parecia elementos soltos agora, compõe harmoniosamente uma dramaturgia viva e comunicativa e principalmente emocionante. O ranço do dito contemporâneo se dilui dando lugar a uma narrativa interessante. Bonito!!!!!

Unknown disse...

Agora eu digo meu caro e também entranhavel Bvlas, coisas aconteceram, acontecem e vão acontecer. Sobre Soria e o encontro tenho uma palavra: IMPACTO. É sem dúvida um espetáculo muito impactante, envolvente e visualmente muito bonito. Há muita energia em cena. Me senti muito próximo, quase que sendo chamado para dentro do palco. A história foi ficando mais clara ao longo dos três dias. A “primigenia” presente no resgate cultural da língua, dos elementos, adereços é muito rica e importante para nos mostrar o quanto estamos longe das nossas raízes e o quão necessário é termos consciência e nos aproximarmos dela para ampliar nossa visão de mundo, religião, história e cultura.
Sinto-me presenteado com toda essa troca cultural, humana, esse intercâmbio e não posso deixar de vislumbrar mais e mais encontros afim de potencializar nosso TEATRO, nossas VIDAS, nossa ARTE.

Unknown disse...
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O SOBREVIVENTE

por Carolina Mascarenhas


Um pouco de poesia, para o nosso vazio ficar mais cheio de belo.


O SOBREVIVENTE

Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.

Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.

Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta
muito para atingirmos um nível razoável de
cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto.

Os homens não melhoram
e matam-se como percevejos.
Os percevejos heróicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.

(Desconfio que escrevi um poema.)

Carlos Drummond de Andrade